Entidades e representantes do segmento em Mato Grosso do Sul apontam perspectiva de crescimento para este ano
Representantes do setor imobiliário de Mato Grosso do Sul analisam as expectativas para este ano de forma positiva. A tendência será de aquecimento motivado pelo panorama econômico, com destaque para a queda da taxa básica de juros do País, a Selic, além da atualização do programa Minha Casa, Minha Vida.
A presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis-MS), Luciana de Almeida, pontua que, para vislumbrar o mercado imobiliário em 2024, é preciso lembrar que em 2023 ocorreu o início de um novo governo, a queda da Selic e a retomada do Minha Casa, Minha Vida.
“Esperamos que, com a recente queda da taxa Selic, o Banco Central flexibilize um pouco sua política monetária, para estimular positivamente o mercado imobiliário”.
Otimista, a representante dos corretores ainda afirma que este ano pode ser um dos melhores anos do crédito imobiliário, não somente para Mato Grosso do Sul como para todo o País, por conta da melhora do cenário macroeconômico.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Eli Rodrigues, confirma a boa expectativa para o mercado imobiliário em 2024, que, de acordo com ele, deve se assimilar os dados positivos conquistados no ano passado.
“Podemos somar as alterações dos financiamentos do Minha Casa, Minha Vida e os aumentos do valor final dos imóveis, que trouxeram uma acomodação e um favorecimento àqueles que precisam desse tipo de financiamento”.
Rodrigues destaca a redução da taxa Selic, que já demonstra os sinais positivos para o mercado imobiliário.
“Com esses fatores, os financiamentos para imóveis de classe média e média alta serão novamente retomados. O impulso esperado é decorrente dos clientes que aguardavam essa redução nas taxas de juros e, consequentemente, gerará crescimento para as transações imobiliárias em 2024”, analisa.
CONTRAPONTO
Atuando no mercado imobiliário há mais de uma década, a corretora Digiany Godoy, do escritório Itamar Godoy, destaca que o mercado imobiliário é influenciado por uma variedade de fatores econômicos, políticos e sociais.
“O ano de 2023 terminou, de forma geral, com números baixos no financiamento imobiliário, pouco recurso para financiar e política habitacional restrita, com baixo volume de vendas por causa dos preços elevados e com insegurança geral dos compradores, gerada por toda esta instabilidade econômica”, detalha.
Ainda assim, Digiany pontua que Campo Grande conta com um mercado forte e maduro. “A capacidade de resiliência e de superação e a tendência para a inovação contribuem para que o setor se fortaleça na Capital a cada ano que passa”.
A corretora é mais ponderada quanto às perspectivas para este ano e aponta um leve crescimento “em caso de manutenção da queda na Selic, acompanhada pelo controle da inflação e, ademais, se forem promovidas melhorias no acesso ao crédito e as prometidas mudanças positivas para o segmento no Minha Casa, Minha Vida”, conclui.
NACIONAL
Conforme análise de especialistas do ramo imobiliário, o desempenho do ano que se encerrou foi excelente, apresentando números acima da média, mesmo diante das incertezas dos primeiros meses de 2023, em função do cenário político-econômico.
Prova disso é que, apenas nos sete primeiros meses do ano, o mercado imobiliário no Brasil registrou crescimento de 14,4% na comparação com o mesmo período de 2022.
Conforme indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o segmento da habitação popular foi o grande responsável por esse aumento, ao anotar uma alta de 18,3% no período, o que totalizou uma cifra de R$ 11,9 bilhões em transações.
Na sequência, o segmento de imóveis de médio e alto padrão também apresentou bons resultados, com números puxando os indicares para cima, com 15,1%, e chegando a R$ 10,7 bilhões em transações.
Para a Abrainc, um resultado positivo como esse, com altas acima de 10% em todos os segmentos apurados, comprova a importância e o protagonismo do mercado imobiliário na economia brasileira.
O Minha Casa, Minha Vida, a partir de fevereiro de 2023, contribuiu para o aquecimento das vendas de imóveis do segmento popular. A expectativa é que, até o fim do ano passado, o programa habitacional tenha respondido por cerca de 550 mil financiamentos, superando a meta inicial, de 375 mil.
Relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) aponta que as vendas do programa tiveram um grande aumento a partir de algumas mudanças que foram implantadas em julho, para facilitar e ampliar o acesso.
Neste ano, a previsão é de que sejam investidos mais de R$ 13,7 bilhões no programa. Esse valor representa uma alta de 41,1% em relação à estimativa de R$ 9,7 bilhões para o fechamento de 2023.
Em relação a financiamento e crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal anunciou um saldo de R$ 707,9 bilhões nessas operações em 2023, o que representa uma alta de 14,6% em relação ao ano anterior e uma participação no mercado de 68,8%.
Já as contratações de crédito imobiliário, levando em conta apenas os nove primeiros meses do ano passado, foram de R$ 136,9 bilhões, volume de negócios que representa um crescimento de 10,3% em relação ao mesmo período no ano anterior.
De acordo com a Caixa, as operações de financiamento imobiliário beneficiaram 2 milhões de pessoas com a casa própria e ainda contribuíram para a geração de 1 milhão de empregos no País.